O que é
Câncer de mama?
Mamas são
glândulas cuja principal função é a produção do leite, que se forma
nos lóbulos e é conduzido até os mamilos por pequenos canais chamados
ductos. Quando as células da mama passam a dividir-se de forma
desordenada, um tumor maligno pode instalar-se principalmente nos ductos e
mais raramente nos lóbulos.
Câncer de
mama é uma doença que acomete mais as mulheres. São fatores de risco a idade
avançada, a exposição prolongada aos hormônios femininos, o excesso de peso e a
história familiar ou de mutação genética. Ser portadora dos genes BRCA1 e BRCA2
é um fator de risco importante.
Estão
também mais propensas a desenvolver a doença por causa da longa exposição aos
hormônios femininos, as mulheres que não tiveram filhos ou tiveram o
primeiro filho após os 35 anos, não amamentaram, fizeram uso de reposição
hormonal (principalmente com estrogênio e progesterona associados),
menstruaram muito cedo (antes dos 12 anos) e entraram mais tarde na menopausa
(acima dos 50 anos).
No entanto, há casos de mulheres que desenvolvem a doença sem apresentar fatores de risco identificáveis.
No entanto, há casos de mulheres que desenvolvem a doença sem apresentar fatores de risco identificáveis.
Tipos
Existem
diversos tipos e subtipos de câncer de mama. No geral, o diagnóstico para o
câncer de mama leva em conta alguns critérios: se o tumor é ou não invasivo,
seu tipo tipo histológico, avaliação imuno-histoquímica e seu estadio
(extensão):
Tumor
invasivo ou não
Um câncer
de mama não invasivo, também chamado de câncer in situ, é aquele que está
contido em algum ponto da mama, sem se espalhar para outros órgãos - a membrana
que reveste o tumor não se rompe, e as células cancerosas ficam concentradas
dentro daquele nódulo. Já o câncer de mama invasivo acontece quando essa
membrana se rompe e as células cancerosas invadem outros pontos do organismo.
Todo câncer de mama in situ tem potencial para se transformar em um câncer de
mama invasor.
Avaliação Imuno-histoquímica
Também
chamada de IQH, a avaliação imuno-histoquímica para o câncer de mama
avalia se aquele tumor tem os chamados receptores hormonais. Aproximadamente 65
a 70% dos cânceres de mama tem esses receptores, que são uma espécie de
ancoradouro para um determinado hormônio. Existem três tipos de receptores
hormonais para o câncer de mama: o de estrógeno, o de progesterona e o de
HER-2. Esses receptores fazem com que o determinado hormônio seja atraído para
o tumor, se ligando ao receptor e fazendo com que essa célula maligna se
divida, agravando o câncer de mama.
A
progesterona e o estrógeno são hormônios que circulam normalmente por nosso
organismo, que podem se ligar aos receptores hormonais do câncer de mama,
quando houver. Já o HER-2 (sigla para receptor 2 do fator de crescimento
epidérmico humano) é um gene que pode ser encontrado em todas as células do
corpo humano, que tem como função ajudar a célula nos processos de divisão
celular. O gene HER-2 faz com que a célula produza uma proteína chamada
proteína HER-2, que fica na superfície das células. De tempos em tempos, a
proteína HER-2 envia sinais para o núcleo da célula, avisando que chegou o
momento da divisão celular. Na mama, cada célula possui duas cópias do gene
HER-2, que contribuem para o funcionamento normal destas células. Porém, em
algumas pacientes com câncer de mama, ocorre o aparecimento de um grande número
de genes HER-2 no interior das células da mama. Com o aumento do número de
genes HER-2 no núcleo, ficará também aumentado o número de receptores HER-2 na
superfície das células.
Tipo
histológico
É como se
fosse o nome e o sobrenome do câncer de mama. Os tipos histológicos de câncer
de mama se dividem em vários subtipos, de acordo com fatores como a presença ou
ausência de receptores hormonais e extensão do tumor. Os tipos mais básicos de
câncer de mama são:
- Carcinoma Ducta In Situ: é
o tipo mais comum de câncer de mama não invasivo. Ele afeta os ductos da
mama, que são os canais que conduzem leite. O câncer de mama in situ não
invade outros tecidos nem se espalha pela corrente sanguínea, mas pode ser
multifocal, ou seja, pode haver vários focos dessa neoplasia na mesma
mama. Caracterizase pela presença de um ou mais receptores hormonais na
superfície das células.
- Carcinoma Ductal Invasivo: ele
também acomete os ductos da mama, e se caracteriza por um tumor que pode
invadir os tecidos que os circundam. O câncer de mama do tipo ductal
invasivo representa de 65 a 85% dos cânceres de mama invasivos. Esse
carcinoma pode crescer localmente ou se espalhar para outros órgãos por
meio de veias e vasos linfáticos. Caracteriza-se pela presença de um ou
mais receptores hormonais na superfície das células.
- Carcinoma Lobular In Situ: ele
se origina nas células dos lobos mamários e não tem a capacidade de
invasão dos tecidos adjacentes. É um tipo de câncer de mama que
frequentemente é multifocal. O carcinoma lobular in situ representa de 2 a
6% dos casos de câncer de mama.
- Carcinoma Lobular
Invasivo: ele também nasce dos lobos mamários e é o segundo tipo mais
comum de câncer de mama. O carcinoma lobular invasivo pode invadir outros
tecidos e crescer localmente ou se espalhar. Geralmente apresenta
receptores de estrógeno e progesterona na superfície das células, mas
raramente a proteína HER-2.
- Carcinoma
inflamatório: raramente apresenta receptores hormonais, podendo ser
chamado de triplo negativo. Ele é a forma mais agressiva de câncer de mama
– e também a mais rara. O carcinoma inflamatório se apresenta como uma
inflamação na mama e frequentemente tem uma grande extensão. O câncer de
mama do tipo inflamatório também começa nas glândulas que produzem leite.
As chances dele se espalhar por outras partes do corpo e produzir
metástases são grandes.
- Doença de Paget: é um
tipo de câncer de mama que acomete a aréola ou mamilos, podendo afetar os
dois ao mesmo tempo. Ele representa de 0,5 a 4,3% de todos os casos de
carcinoma mamário, sendo portando uma forma mais rara. Ele é caracterizado
por alterações na pele do mamilo, como crostas e inflamações – no entanto,
também pode ser assintomático. Existem duas teorias para explicar a origem
da doença de Paget da mama: as células tumorais podem crescer nos ductos
mamários e progredir em direção à epiderme do mamilo, ou então as células
tumorais se desenvolvem já na porção terminal dos ductos, na junção com a
epiderme.
Estadiamento
da doença:
Quando
uma mulher é diagnosticada com câncer de mama, um dos primeiros passos é
estabelecer o "estágio" do câncer, ou seja, quão avançada está a
doença.
Basicamente,
o câncer de mama é classificado por "estágios", de acordo com o
tamanho do tumor e a expansão da doença aos gânglios linfáticos e outras partes
do corpo.
- Estágio 0: carcinoma Ductal
in Situ (não invasivo). As células cancerígenas estão confinadas nos
ductos lactíferos da mama e não se alastraram para outras áreas da mama
- Estágio 1: câncer de mama
inicial. Os tumores ainda são muito pequenos, medem até 2 centímetros. As
glândulas linfáticas não estão afetadas e o câncer não se alastrou para
outras partes do corpo
- Estágio 2: câncer de mama
inicial. Os tumores medem de 2 a 5 centímetros e os nódulos
linfáticos nas axilas também podem estar afetados. O câncer não se
alastrou para outras partes do corpo.
- Estágio 3: câncer de mama
localmente avançado. Os tumores têm mais de 5 centímetros e em
geral os nódulos linfáticos já foram afetados. Os tecidos subjacentes das
paredes do peito também podem estar infectados, mas não há sinais de que a
doença se espalhou para outras partes do corpo.
- Estágio 4: câncer de mama
avançado ou metastático. Os tumores podem ser de qualquer tamanho, os
nódulos linfáticos já foram afetados e o câncer se espalhou para outras
partes do corpo, como os ossos, pulmões, fígado e cérebro.
Sintomas
A maioria
dos tumores da mama, quando iniciais, não apresenta sintomas. Caso o tumor já
esteja perceptível ao toque do dedo, é sinal de que ele tem cerca de 1 cm³ - o
que já uma lesão muito grande. Por isso é importante fazer os exames
preventivos na idade adequada, antes do aparecimento de qualquer sintoma do
câncer de mama.
Entretanto,
o nódulo não é o único sintoma de câncer de mama. Veja outros sinais:
- Vermelhidão na pele
- Alterações no formato dos
mamilos e das mamas
- Nódulos na axila
- Secreção escura saindo pelo
mamilo
- Pele enrugada, como uma
casca de laranja
- Em estágios avançados, a
mama pode abrir uma ferida.
Diagnóstico
A
mamografia é um Rx das mamas. Este exame também é feito para detecção precoce
do câncer quando a mulher faz o exame mesmo sem ter nenhum sintoma. Caso a mama
seja muito densa, o médico também vai pedir uma ecografia das mamas.
Se a
mamografia mostra uma lesão suspeita, o médico indicará uma biópsia que pode
ser feita por agulha fina ou por agulha grossa. Geralmente, esta biópsia é feita
com a ajuda de uma ecografia para localizar bem o nódulo que será coletado o
material, se o nódulo não for facilmente palpável. Após a coleta, o material é
examinado por um patologista (exame anátomo-patológico) que definirá se esta
lesão pode ser um câncer ou não.
Tratamento
As formas
de tratamento variam conforme o tipo e o estadiamento do câncer. Os
mais indicados são: quimioterapia (uso de medicamentos para matar as
células malignas), radioterapia (radiação), hormonoterapia (medicação que
bloqueia a ação dos hormônios femininos) e cirurgia, que pode incluir a remoção
do tumor ou mastectomia (retirada completa da mama).
O
tratamento pode, ainda, incluir a combinação de dois ou mais recursos
terapêuticos.
Complicações
Possíveis
Entre as
complicações do câncer de mama está a recidiva, que é a volta de um tumor já
tratado. A recidiva do câncer de mama ocorre nos dois ou três primeiros anos
após a retirada do tumor, por isso é necessário fazer um acompanhamento próximo
nesse período, com mamografias regulares em intervalos de seis meses ou
anualmente mais análise clínica do paciente. O câncer de mama também pode
invadir outros tecidos e se espalhar pela circulação sanguínea ou linfática,
atingindo outros órgãos como fígado e ossos - causando as chamadas metástases.
Se o câncer de mama for metastático, o tratamento deve ser sistêmico e
acompanhado também individualmente.
Além
disso, há os efeitos colaterais das terapias para o câncer de mama. Após a
cirurgia, é necessário acompanhamento com médico e fisioterapeuta para evitar o
rompimento dos pontos e necrose de tecidos - também é importante manter a
higienização do local para evitar infecções. A cirurgia também envolve a
modificação e pode causar uma série de alterações psicológicas na paciente,
além das físicas.
A
hormonioterapia pode piorar os sintomas da menopausa, favorecer a osteoporose,
aumentar o risco de trombose e coágulos nas pernas - entretanto, esses efeitos
colaterais são raros e as pacientes no geral tem uma alta tolerância ao
tratamento.
Durante a
quimioterapia a mulher pode sofrer infecções bucais, queda de cabelo, diarreia,
náuseas e baixa imunidade temporária. Algumas quimioterapias também pode afetar
a saúde cardiovascular - por isso é importante o acompanhamento com
cardiologista. O sistema reprodutor também pode ser afetado, por isso, se você
estiver em idade reprodutiva e pretende ter filhos, discuta com seu médico e
parceiro(a) a possibilidade de se fazer o congelamento de óvulos. A queda de
cabelo é efeito mais comum da quimioterapia e não é controlável - isso porque o
tratamento irá matar tudo aquilo que está crescendo. Dessa forma, além da queda
de cabelo, pode ser que você perceba as unhas mais fracas também.
A terapia
anti HER-2 tem menos efeitos colaterais, mas pode induzir uma toxicidade no
coração - por isso, muita atenção com o cardiologista se optar por esse
tratamento. Os anticorpos monoclonais, ligando-se às células cancerígenas e
destruindo-as especificamente, apresentam geralmente menor grau de toxicidade
que os quimioterápios convencionais. Ainda sim, pode gerar efeitos como falta
de ar, sensação de calor, queda da pressão arterial e rubor. Notifique
imediatamente a equipe que te atende ao sinal desses sintomas. Normalmente,
esses efeitos diminuem nas administrações posteriores. Já a radioterapia pode causar
cansaço e queimaduras leves na pele que voltam ao normal com o fim da terapia.
Convivendo
O
tratamento do câncer de mama também envolve uma serie de cuidados e práticas
para minimizar os efeitos das terapias:
Como
minimizar os efeitos adversos da quimioterapia:
- Náuseas e vômitos: consuma
alimentos de fácil digestão e converse com seu oncologista sobre a
necessidade da utilização de antieméticos.
- Planeje a alimentação:
algumas pessoas sentem-se bem comendo antes da quimioterapia e outras não
– nesse caso, o hábito varia conforme a necessidade da paciente com câncer
de mama. Entretanto, deve-se sempre aguardar pelo menos uma hora após a
sessão para consumir qualquer alimento ou bebida.
- Coma devagar: consuma
pequenas refeições, cinco ou seis vezes por dia, em vez de três grandes
refeições, evitando ingerir líquidos enquanto come. Isso evite enjoos e
vômitos.
- Prefira alimentos frescos e
evite consumi-los muito quentes
- Evite alimentos e bebidas
fortes, como café, peixe, cebola e alho. Eles também favorecem os vômitos.
Cuidados
durante a radioterapia
O
radioterapeuta e a equipe de enfermagem devem orientá-la sobre os cuidados
específicos que deverão ser adotados durante o tratamento de radioterapia.
Esses cuidados variam muito de acordo com a região a ser irradiada.
- Pele: lave a pele irradiada
com sabão suave e água morna. Tente não coçar nem esfregar a área.
- Pomada: aplique pomadas ou
cremes sobre a pele somende com aprovação médica.
- Prefira roupas folgadas e
confortáveis e se possível cubra a região irradiada com roupas claras.
Mais do
que viver, a paciente com câncer de mama pode viver bem, cuidando de si própria
com carinho e atenção. Para ajudar as pacientes nesse desafio, é cada vez mais
comum a abordagem multidisciplinar para o câncer de mama, com apoio de
dentistas, nutricionistas, fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos,
preparadores físicos e etc...
Fisioterapia: ela promove a independência
funcional da paciente, permitindo que realize as atividades que deseja sozinha
e sem inconveniências. Proporciona alívio da dor e reduz a necessidade do uso
de analgésicos. Geralmente o tratamento é indicado após a cirurgia.
Nutrição: o acompanhamento
nutricional para o câncer de mama ajuda a prevenir a perda de peso e a
desnutrição durante o tratamento. Além disso, ele ajuda a paciente com câncer
de mama a seguir as restrições dietéticas corretas para evitar possíveis
efeitos colaterais do tratamento.
Sexualidade
e Sensualidade
Durante o
tratamento do câncer de mama, diversas situações como diminuição da libido,
alterações hormonais e incômodos emocionais podem influenciar diretamente no
seu comportamento sexual. É importante que entenda que esses transtornos são
causados por situações físicas que você está enfrentando e não tem a ver o que
você é em essência. Tente resgatar nesse período a sensualidade que há em você
– mas tudo em seu tempo.
- Fale com seu parceiro ou
parceira: converse sobre a diminuição da libido para que a pessoa não se
sinta rejeitada e confusa com seu possível desinteresse sexual. A
comunicação aberta poderá ajudar a buscar maneiras criativas de despertas
a sua libido.
- Fale com seu oncologista
- Fale com um psicólogo: o
profissional pode ajudar identificando e tratando os obstáculos emocionais
que colaboram com o desinteresse sexual.
Cuidados
com a autoestima
A queda
de cabelos e a mastectomia são os pontos do câncer de mama que mais podem
afetar a autoestima da paciente. Tente não se render a esses sentimentos e
procure saídas para esses incômodos, que são pequenos perto da sua qualidade de
vida e da luta que você está travando. Você pode guardar os fios naturais para
aplicar em rabo de cavalo quando cabelos voltarem a crescer, ou então comprar
perucas e usar lenços coloridos, refletindo sua personalidade. Busque outras
atividades que façam você se sentir bem, como cursos de uma área que você se
interesse. Tudo vale para reconquistar a autoconfiança ou então não deixar que
ela se vá.
Administrando
sentimentos
O câncer
de mama pode gerar uma série de sentimentos, diversos altos e baixos. Isso tudo
é normal – o ser humano é cheio de emoções e a presença do câncer de mama pode
maximizar esse aspecto. Entenda que alguns dias serão melhores que outras, mas
não permita que o mais estar se instale. O importante é que você não se
desespere em meio aos sentimentos que experimenta. Se você perceber algum sinal
de depressão, como tristeza profunda, falta de sono e apetite, insegurança e
desânimo, converse com seu oncologista sobre o assunto. Ele poderá recomendar
uma visita ao psicólogo.
Recomendações
- Faça o autoexame das mamas
mensalmente, de preferência no 7º ou 8º dias após o início da menstruação,
se você é mulher e tem mais de 20 anos, pois cerca de 90% dos
tumores são detectados pela própria paciente
- Procure o médico para
submeter-se ao exame das mamas a cada 2 ou 3 anos, se está entre 20 e 40
anos; acima dos 40 anos, realize o exame anualmente
- Não se esqueça de que a
mamografia deve ser realizada todos os anos
Atenção: embora menos comum, o
câncer de mama também pode atingir os homens. Portanto, especialmente depois
dos 50 anos, eles não podem desconsiderar sinais da doença como nódulo não
doloroso abaixo da aréola, retração de tecidos, ulceração e presença de
líquido nos mamilos.
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