segunda-feira, 16 de setembro de 2013

CÂNCER INFANTIL

O que é o Câncer
Câncer é um conjunto de doenças nas quais existe uma multiplicação anormal de células doentes. Às vezes, as células continuam tendo uma aparência normal e ficam só no lugar onde nasceram. Dizemos, então, que existe um tumor "benigno". Quando as células têm aparência diferente do normal, multiplicam- se muito e têm a capacidade de produzir metástases, ou seja, começam a se espalhar por várias partes do corpo, dizemos que existe um tumor "maligno", ou câncer.

Apesar de o câncer ser raro em crianças, ele é a causa de morte mais frequente nesta idade, só ficando depois de acidentes e de doenças infecciosas. O câncer não é uma doença contagiosa. Na maior parte dos casos, não se sabe por que uma criança desenvolveu um tumor. Sabemos que, em geral, as crianças não herdam o câncer dos pais e nem nascem com ele.


O câncer Infantil
É raro - atinge uma a cada 600 crianças e adolescentes até os 15 anos. Nas crianças, as células cancerosas têm origem de células embrionárias primitivas, que muitas vezes crescem e se multiplicam mais depressa que nos adultos. Nos últimos 30 anos, o tratamento do câncer infantil deu um salto impressionante e, em média, nos centros especializados, como o Hospital A.C.Camargo, entre 70% e 80% delas ficam curadas, ou seja, vivem mais de 5 anos (e muitas vezes bem mais que isso) após o diagnóstico.
Em meados dos anos 70, segundo dados do Hospital, apenas 20% das crianças com retinoblastoma (um câncer da retina do olho) podiam ser consideradas curadas, um índice que hoje está em 92%. Nas leucemias linfocíticas agudas essa taxa era de 20%, mas atualmente chega a 86%.
Os tipos de câncer que atingem as crianças também são muito diferentes dos que acometem os adultos. As leucemias são os cânceres mais comuns em crianças, atingindo com mais freqüência à faixa etária dos 2 aos 5 anos de idade. Cânceres do sistema nervoso central vêm em seguida e, em 3º lugar, os linfomas, que são cânceres do sistema linfático.

Os tumores sólidos abdominais (tumor de Wilms e neuroblastoma) constituem uma parcela semelhante à dos linfomas. Completam a lista dos cânceres mais comuns em crianças os ósseos, os sarcomas de partes moles (sendo o rabdomiossarcoma o mais freqüente), de olho, os de células germinativas e os das glândulas supra-renais ou adrenais. O estágio de crescimento e desenvolvimento dos tumores é outra diferença importante entre adultos e crianças, pois a imaturidade do organismo das crianças tem importantes conseqüências para o tratamento.

Tipos de Câncer, Diagnóstico e Principais Tratamentos
Muitos cânceres pediátricos ocorrem em crianças bem pequenas e os pais se perguntam o por quê. Alguns casos são resultado da predisposição genética, mas ao contrário do que ocorre com os adultos, o câncer infantil não está associado a fatores como dieta, falta de exercícios físicos e, muito menos, ao uso de cigarro e álcool. A causa da maioria dos casos de câncer pediátrico ainda é desconhecida.
  • LEUCEMIA: é o câncer mais comum na infância. Leucemias têm origem na medula óssea, o tutano dos ossos, onde é normalmente produzido o sangue. Manifesta-se com dor nos ossos ou nas articulações, palidez, manchas roxas, sangramentos, febre, abatimento, etc... A leucemia é diagnosticada através do mielograma, exame do sangue de dentro do osso. Existem vários tipos de leucemia: Leucemia Linfoide Aguda (LLA), Leucemia Mieloide Aguda (LMA), Leucemia Mieloide Crônica (LMC) e Leucemia Linfoide Crônica (LLC - só em adultos). Além da medula óssea, as leucemias podem também acometer os testículos, endurecendo-os, e o líquor (líquido da espinha), provocando dores de cabeça e vômitos. As leucemias podem ter índices de cura de até 80% quando tratadas com quimioterapia. Em alguns casos, podem-se indicar também radioterapia e transplante de medula.
  • TUMORES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL: cérebro e cerebelo são os tumores sólidos (que não leucemias e linfomas) mais frequentes em crianças. Os sintomas mais comuns são dor de cabeça e vômitos pela manhã, tontura e perda do equilíbrio. Qualquer criança com persistência desses sintomas deve ser examinada por um médico neurologista, além de realizar tomografia ou ressonância nuclear magnética do crânio. O diagnóstico do tipo exato de tumor é feito durante a cirurgia. Os tumores benignos são tratados apenas com cirurgia. Para os tumores malignos são, em geral, necessárias quimioterapia e radioterapia.
  • LINFOMA NÃO HODGKIN: mais frequente no sexo masculino, ocorre principalmente entre os 4 e 8 anos de idade. Atinge qualquer parte do corpo, principalmente tórax e abdome. Quando o linfoma é na barriga, do tipo Brukit, pode causar parada de evacuações e dor na barriga. Como o tratamento é feito com quimioterapia, não deve ser realizada cirurgia para a retirada do intestino. Quando o linfoma é no tórax, pode causar tosse ou falta de ar. O diagnóstico dos linfomas depende de biópsia do tumor. Quando diagnosticado precocemente, os índices de cura são de 80%.
  • NEUROBLASTOMAocorre geralmente em crianças com menos de 5 anos. Os locais mais comuns são abdome, tórax e pescoço, perto da coluna vertebral. Pode afetar o fígado, ossos e a medula óssea. Todos os tumores do abdome podem ser confundidos com verminose. Se a criança tem aumento da barriga que não melhora, deve-se procurar um médico para avaliação. Os tumores que crescem próximos da coluna vertebral podem causar fraqueza nas pernas, dor e perda do controle da eliminação de fezes e urina. Se o tratamento não for iniciado a tempo, a criança pode ficar com paralisia definitiva. Para diagnosticar o neuroblastoma é necessário, em geral, realizar uma biópsia do tumor, ou seja, retirar um pedaço pequeno através de cirurgia para que um médico patologista possa vê-lo no microscópio. Os neuroblastomas são tratados com cirurgia e quimioterapia. Em alguns casos, indica-se radioterapia e transplante de medula.
  • TUMOR DE WILMS: é um tumor frequente na infância, geralmente aparece antes dos 5 anos de idade. O tumor de Wilms nasce nos rins, manifestando-se como uma massa no abdome. A criança pode ainda apresentar sangue na urina, dores abdominais e pressão alta. O exame mais indicado para o diagnóstico é o ultrassom. O tratamento é cirurgia, em que se retira o rim comprometido, seguido, em geral, de quimioterapia e, em alguns casos, de radioterapia. A cura está estimada em torno de 90% dos casos.
  • SARCOMAS DE PARTES MOLES: são tumores que podem ocorrer em músculos, gordura e articulações. Afetam tanto crianças, quanto adolescentes e adultos. Existe um aumento progressivo, inchaço no local do tumor e, em geral, há dor e a pele pode ficar vermelha. Os sarcomas podem ocorrer na cabeça, no pescoço, na área genital, nos braços e nas pernas. Em adolescentes, pode localizar-se na região dos testículos, provocando aumento do escroto, sendo confundido com hérnias. O paciente não pode ter vergonha de contar seu problema ao médico. Para diagnosticar os sarcomas é muito importante que um médico experiente em câncer realize uma biópsia a fim de examinar o tumor no microscópio. O tratamento dos sarcomas é feito, em geral, com cirurgia e quimioterapia.
  • TUMORES ÓSSEOS: são mais frequentes em adolescentes. Quase sempre a criança conta que teve uma batida, que causou dor, mas a dor não vai embora. O local mais comum é logo acima ou logo abaixo do joelho. A pele pode ficar vermelha e quente e, quando o tumor cresce, é possível ver também um inchaço no local. Esses sintomas podem ser confundidos principalmente com infecções ou dores de crescimento. Para diagnosticá-lo, é importante fazer raio X do local doloroso, e um médico ortopedista, com bastante experiência em câncer, deve realizar uma biópsia com agulha, sem cortar a pele. Os tipos mais comuns de tumores ósseos malignos são osteossarcoma e Sarcoma de Ewing. O tratamento é feito com cirurgia e quimioterapia. O diagnóstico precoce aumenta as chances de cura para até 70%.
  • RETINOBLASTOMA: afeta os olhos e geralmente ocorre antes dos 4 anos de idade. A principal manifestação é um reflexo brilhante no olho doente, parecido com o brilho que apresentam os olhos de um gato quando iluminados à noite. As crianças podem ainda ficar estrábicas (vesgas), ter dor nos olhos ou perder a visão. Alguns retinoblastomas são hereditários. Se outras pessoas da família já tiveram o tumor, as crianças devem ser examinadas por um oftalmologista experiente desde a hora do nascimento para que o diagnóstico seja o mais precoce possível. Os retinoblastomas são diagnosticados por médicos experientes através do exame do fundo de olho, com a pupila bem dilatada. Em geral, não se deve realizar biópsias. Os tumores pequenos podem ser tratados com métodos especiais, que permitem que a criança continue a enxergar normalmente. Nos casos adiantados, o olho pode precisar ser retirado e a criança pode precisar de quimioterapia e/ou radioterapia. 
  • DOENÇA DE HODGKIN: é um tumor que acomete gânglios e baço mais frequente em adolescentes. A maioria dos casos começa com adenomegalias, "ínguas" que vão crescendo no pescoço, nas axilas ou na região inguinal. A criança pode apresentar febre prolongada e perda de peso. O diagnóstico do Linfoma de Hodgkin é feito através de biópsia de um gânglio aumentado de tamanho. O tratamento é feito com quimioterapia e radioterapia. Atualmente, em cada 100 crianças tratadas adequadamente, 85 ficam completamente curadas.
  • HISTIOCITOSE: apesar de não ser câncer, a histiocitose é uma doença tratada por oncologistas, pois muitas vezes as crianças precisam de quimioterapia para melhorar. Pode apresentar-se como uma dermatite seborreica de difícil tratamento, otite com pus nas orelhas que vai e volta, lesões na pele, fígado e baço aumentados, lesões nos ossos e anemia.
  • TUMORES GERMINATIVOSsão tumores do ovário ou testículos, raros na infância. Os tumores de ovário podem causar dores abdominais, geralmente crônicas, puberdade precoce (crescimento dos seios e aparecimento de pelos antes do tempo) e tumorações palpáveis. Os meninos com testículos que não desceram para a bolsa escrotal (criptorquidia) devem ser vigiados com ultrassom, pois a incidência de câncer é 20 a 40 vezes maior nesses casos. O sinal de alerta é o aumento da bolsa escrotal, confundido muitas vezes com hérnia. O diagnóstico é feito na cirurgia em que se retira o tumor. Nos meninos é importante ainda que a cirurgia seja realizada pela barriga e não abrindo o escroto. O tratamento é realizado com cirurgia e quimioterapia.
Sintomas
Os sintomas do câncer infantil dependem do lugar onde ele começa a se desenvolver e do grau da invasão dos órgãos que afeta.
O câncer infantil costuma ser difícil de reconhecer quando em seu estágio inicial, pois sua manifestação clínica confunde-se com grande parte das doenças comuns da infância. Além das consultas regulares ao pediatra, os pais devem estar atentos para o aparecimento de sinais e sintomas que não desaparecem, como:
  • Surgimento de nódulos, caroços, ínguas
  • Palidez e falta de energia inexplicáveis
  • Aparecimento de hematomas sem motivo
  • Sangramentos freqüentes (por nariz,gengivais, anus, vias urinárias)
  • Dor pelo corpo ou óssea que leva a criança se recusar a brincar e que a faz ficar deitada grande parte do tempo, e que deixa a criança irritada com dificuldade de dormir e chega a tirar o apetite
  • Coxeadura (mancar) sem razão aparente
  • Febres sem causa aparente que dura mais de 8 dias
  • Aumento de volume abdominal -  acompanhados ou não de dor abdominal, vômitos e prisão de ventre ou diarreia
  • Dor abdominal prolongada
  • Dores de cabeça freqüentes, muitas vezes acompanhada por vômitos- por mais de duas semanas, principalmente pela manhã, algum sinal neurológico como alteração da marcha ou da visão, ou ainda, aumento da cabeça de forma anormal, em menores de 3 anos de idade podem sugerir tumor do sistema nervoso central
  • Mudanças nos olhos ou na visão
  • Perda de peso rápida e excessiva.
  • Virilização em meninas ou puberdade precoce
  • Pupila esbranquiçada quando exposta à luz pode ser sinal de tumor ocular. Geralmente se manifesta em crianças menores de 3 anos. Este tumor pode também se manifestar por “estrabismo” repentino.
  • Aumento do volume dos dois olhos ou de um só
Câncer infantil tem cura
O câncer na criança e no adolescente tem cura na maioria dos casos, especialmente quando os pais conseguem identificar rapidamente os sintomas e levar ao pediatra para avaliação.
Os tumores infantis ou na adolescência, na maioria das vezes costumam crescer mais rapidamente quando comparado ao mesmo tumor nos adultos apesar de ser também mais invasivo, responde melhor ao tratamento, que quanto mais precocemente instituído melhor apresentando melhores chances de cura quando comparado aos adultos com câncer. 
Fatores de Risco
O câncer infantil costuma ser difícil de reconhecer quando em seu estágio inicial, pois sua manifestação clínica confunde-se com grande parte das doenças comuns da infância.

Além das consultas regulares ao pediatra, os pais devem estar atentos para o aparecimento de sinais e sintomas (citados a cima) que não desaparecem




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