segunda-feira, 4 de março de 2013

CULTO AO CORPO


Incontáveis linhas de cosméticos, academias, centros de estética, salões de beleza, clínicas de cirurgia plástica, revistas sobre beleza e boa forma... com uma ampla variedade, o mercado da aparência física é um dos que mais cresce atualmente. Mas o culto à beleza física não é uma novidade do nosso tempo.

Há registros bem antigos sobre a preocupação social com o corpo humano. Na Grécia Antiga, na busca pela perfeição, a beleza física era altamente valorizada, juntamente com um intelecto desenvolvido. Em uma de suas localidades, Esparta, chegava-se ao extremo de uma eugenia onde os recém-nascidos eram examinados e podiam ser eliminados caso apresentassem alguma deficiência física ou mental, ou ainda se fossem considerados fracos. Apesar de esta prática da época ter motivações militares, guardava relação com um ideal de padrão físico vigente.

Na Idade Média, com a supremacia da igreja, predominou um dualismo entre corpo como fonte de pecado e alma como objeto de salvação. O culto à estética corporal foi proibido, assim como a exposição do corpo humano, mesmo nas artes. Somente no período renascentista foram retomados padrões artísticos da Antiguidade, de celebração do corpo e da beleza física.

Entre os século XIX e XX começaram a se disseminar popularmente programas de treinamento físico com um ideal de pessoas fisicamente mais eficientes e saudáveis. Apesar de haver uma proposta inicial de saúde e eficiência física, com o desenvolvimento das indústrias da beleza (moda, cosméticos, etc) a ênfase dos cuidados com o corpo foi recaindo sobre a estética. 
Somos bombardeados regularmente com propagandas sobre nossas "imperfeições" e limitações. Nossas singularidades são convertidas em inadequação quando a publicidade nos mostra soluções milagrosas para nos libertar da grande infelicidade de sermos como somos. Isso traz consequências sérias à saúde. Por não corresponder à imagem do corpo perfeito que aparece o tempo todo na TV, no cinema, nas revistas, cada vez mais pessoas mergulham em quadros de depressão, perda de libido, transtornos alimentares e obsessões diversas. 

A busca pelo corpo perfeito atinge tanto as mulheres quanto os homens. Só que o exagero dessa busca pode extrapolar os limites do corpo e tornar-se uma doença conhecida como:
Vigorexia - caracteriza-se pela distorção da autoimagem do corpo voltada para a questão da força. Os indivíduos vigoréxicos usualmente se descrevem como fracos, pequenos, mesmo tendo desenvolvido musculatura acima da média. O resultado é que acabam desenvolvendo a dependência pelo exercício físico e uma espécie de obsessão pelo corpo musculoso, uma vez que nunca se satisfazem com a condição em que se encontram, ou seja, nunca se sentem suficientemente fortes ou musculosos.

Anorexia - é uma disfunção alimentar, caracterizada por uma rígida e insuficiente dieta alimentar (caracterizando em baixo peso corporal) e estresse físico. Pessoas com anorexia tem medo intenso de ganhar peso, mesmo quando estão abaixo do peso normal. Elas buscam por dietas ou exercícios,  passam longos períodos sem se alimentar, ou  utilizam até mesmo outros métodos para perder peso. A anorexia  é uma doença complexa, envolvendo componentes psicológicos, fisiológicos e sociais.

Bulimia - é um transtorno alimentar caracterizado por períodos de compulsão alimentar seguidos por comportamentos não saudáveis para perda de peso rápido como induzir vômito (90% dos casos), uso de laxantes, abuso de cafeína, uso de cocaína e/ou dietas inadequadas
Nos três  casos, trata-se de transtornos dismórficos corporais que promovem a distorção da imagem que as pessoas têm de si próprias.
Para conseguir o objetivo, as pessoas evitam a alimentação para que não ganhem peso, ou fazem justamente o contrário,  ficam obcecados em tornarem-se musculosos e realizam exercícios físicos em excesso. Muitos ainda tomam anabolizantes para atingir o resultado que querem rapidamente.
O efeito dos anabolizantes, que são drogas artificiais derivadas da testosterona, com exercícios físicos intensos provoca a hipertrofia muscular e as células passam a reter mais água. Isso traz complicações para os tendões, ossos e ligamentos. No homem, podem causar impotência sexual, danos nos rins e no fígado, maior risco de acidente vascular cerebral, aumento das mamas, e na mulher, ganho de pêlos e engrossamento da voz. Ambos podem apresentar depressão.
A insatisfação consigo mesmo demonstra a falta de auto-estima, principalmente com a imagem corporal. O fato da pessoa não se ver bonita é mais mental do que a própria realidade.
Quando a pessoa se gosta, suas células do rosto  demonstram esse sentimento e ela se vê e se sente bonita. O rosto mostra o que a pessoa sente e isso é inconsciente.
Quantas pessoas saem de casa achando-se feias e, por conseqüência, têm a sensação de que as outras pessoas estão achando a mesma coisa.Uma das maneiras de combater esse transtorno é manter a auto-estima elevada, e para isso é necessário procurar a ajuda de um profissional.
Evidentemente que a existência de cuidados com o corpo não é exclusividade das sociedades contemporâneas e que devemos ter uma especial atenção para uma boa saúde. No entanto, os cuidados com o corpo não devem ser de forma tão intensa e ditatorial como se tem apresentado nas últimas décadas. Devemos sempre respeitar os limites do nosso corpo e a nós a mesmos.

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