Incontáveis linhas de cosméticos, academias,
centros de estética, salões de beleza, clínicas de cirurgia plástica, revistas
sobre beleza e boa forma... com uma ampla variedade, o mercado da aparência
física é um dos que mais cresce atualmente. Mas o culto à beleza física não é
uma novidade do nosso tempo.
Há registros bem antigos sobre a preocupação social
com o corpo humano. Na Grécia Antiga, na busca pela perfeição, a beleza física
era altamente valorizada, juntamente com um intelecto desenvolvido. Em uma de
suas localidades, Esparta, chegava-se ao extremo de uma eugenia onde os
recém-nascidos eram examinados e podiam ser eliminados caso apresentassem
alguma deficiência física ou mental, ou ainda se fossem considerados fracos.
Apesar de esta prática da época ter motivações militares, guardava relação com
um ideal de padrão físico vigente.
Na Idade Média, com a supremacia da igreja,
predominou um dualismo entre corpo como fonte de pecado e alma como objeto de
salvação. O culto à estética corporal foi proibido, assim como a exposição do
corpo humano, mesmo nas artes. Somente no período renascentista foram retomados
padrões artísticos da Antiguidade, de celebração do corpo e da beleza física.
Entre os século XIX e XX começaram a se disseminar
popularmente programas de treinamento físico com um ideal de pessoas
fisicamente mais eficientes e saudáveis. Apesar de haver uma proposta inicial
de saúde e eficiência física, com o desenvolvimento das indústrias da beleza
(moda, cosméticos, etc) a ênfase dos cuidados com o corpo foi recaindo sobre a
estética.
Somos bombardeados regularmente com propagandas
sobre nossas "imperfeições" e limitações. Nossas singularidades são
convertidas em inadequação quando a publicidade nos mostra soluções milagrosas
para nos libertar da grande infelicidade de sermos como somos. Isso traz
consequências sérias à saúde. Por não corresponder à imagem do corpo perfeito
que aparece o tempo todo na TV, no cinema, nas revistas, cada vez mais pessoas
mergulham em quadros de depressão, perda de libido, transtornos alimentares e
obsessões diversas.
A busca
pelo corpo perfeito atinge tanto as mulheres quanto os homens. Só que o exagero
dessa busca pode extrapolar os limites do corpo e tornar-se uma doença
conhecida como:
Vigorexia
- caracteriza-se pela distorção da autoimagem do corpo voltada para a
questão da força. Os indivíduos vigoréxicos usualmente se descrevem como
fracos, pequenos, mesmo tendo desenvolvido musculatura acima da média. O
resultado é que acabam desenvolvendo a dependência pelo exercício físico e uma
espécie de obsessão pelo corpo musculoso, uma vez que nunca se satisfazem com a
condição em que se encontram, ou seja, nunca se sentem suficientemente fortes
ou musculosos.
Anorexia
- é uma disfunção alimentar, caracterizada por uma rígida e
insuficiente dieta alimentar (caracterizando em baixo peso
corporal) e estresse físico. Pessoas com anorexia tem medo intenso de
ganhar peso, mesmo quando estão abaixo do peso normal. Elas buscam por dietas
ou exercícios, passam longos períodos sem se alimentar, ou
utilizam até mesmo outros métodos para perder peso. A anorexia é uma
doença complexa, envolvendo componentes psicológicos, fisiológicos e sociais.
Bulimia - é
um transtorno alimentar caracterizado por períodos de compulsão
alimentar seguidos por comportamentos não saudáveis para perda de peso rápido
como induzir vômito (90% dos casos), uso de laxantes, abuso de cafeína,
uso de cocaína e/ou dietas inadequadas
Nos
três casos, trata-se de transtornos dismórficos corporais que
promovem a distorção da imagem que as pessoas têm de si próprias.
Para
conseguir o objetivo, as pessoas evitam a alimentação para que não ganhem peso,
ou fazem justamente o contrário, ficam obcecados em
tornarem-se musculosos e realizam exercícios físicos em excesso.
Muitos ainda tomam anabolizantes para atingir o resultado que querem
rapidamente.
O efeito
dos anabolizantes, que são drogas artificiais derivadas da testosterona, com
exercícios físicos intensos provoca a hipertrofia muscular e as células passam
a reter mais água. Isso traz complicações para os tendões, ossos e ligamentos.
No homem, podem causar impotência sexual, danos nos rins e no fígado, maior
risco de acidente vascular cerebral, aumento das mamas, e na mulher, ganho de
pêlos e engrossamento da voz. Ambos podem apresentar depressão.
A
insatisfação consigo mesmo demonstra a falta de auto-estima, principalmente com
a imagem corporal. O fato da pessoa não se ver bonita é mais mental do que a
própria realidade.
Quando a
pessoa se gosta, suas células do rosto demonstram esse sentimento e
ela se vê e se sente bonita. O rosto mostra o que a pessoa sente e isso é
inconsciente.
Quantas
pessoas saem de casa achando-se feias e, por conseqüência, têm a sensação de
que as outras pessoas estão achando a mesma coisa.Uma das maneiras de combater
esse transtorno é manter a auto-estima elevada, e para isso
é necessário procurar a ajuda de um profissional.
Evidentemente
que a existência de cuidados com o corpo não é exclusividade das sociedades
contemporâneas e que devemos ter uma especial atenção para uma boa saúde. No
entanto, os cuidados com o corpo não devem ser de forma tão intensa e
ditatorial como se tem apresentado nas últimas décadas. Devemos sempre
respeitar os limites do nosso corpo e a nós a mesmos.
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